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17/04/2019

A IMPORTÂNCIA DA INSTITUIÇÃO DE CONSELHOS EM EMPRESAS FAMILIARES

  Atualmente, no Brasil, a maioria das empresas são familiares. Há quem acredite que constituir uma empresa com base nos valores e laços de uma família é um diferencial positivo, sendo uma força, ou até uma vantagem para estas empresas.

 De outro lado, entende-se que com o crescimento da família, e também da empresa, crescem também as chances de haverem conflitos internos, seja por disputa de dinheiro e poder, ou até mesmo por desentendimentos que surgiram no âmbito das relações domésticas. Fato é que, quando não solucionados, tais conflitos podem conduzir os negócios ao seu fim.

 É importante reconhecer a probabilidade de haver problemas, trabalhando sempre de forma a evitá-los. Logo, deve-se sempre ter em mente que algumas estratégias são necessárias para a “sobrevivência” dos negócios.

 Uma administração composta por conselhos é um exemplo de gestão que se preocupa em organizar e dividir funções aos seus gestores, mesclando a administração familiar com a administração profissionalizada, servindo assim como ótima ferramenta de contenção de conflitos.

 Neste ponto, destacam-se três conselhos: o Conselho Familiar, o Conselho Administrativo e o Conselho Consultivo.

 O Conselho Familiar é de suma importância, uma vez que busca a preservação da empresa pelas próximas gerações e a proteção do patrimônio da família. Ainda, é uma ótima ferramenta quando o assunto é sucessão patrimonial e empresarial, pois introduz as futuras gerações nos negócios, preparando-as para assumir seu papel na empresa, e preservando os valores daquela determinada família.

 Para que tenha um melhor desempenho ao longo dos anos, é importante que este conselho seja composto por representantes dos mais diversos núcleos da família, com a participação de diversas gerações. No entanto, deve ser liderado por aquele familiar que detenha autoridade, confiabilidade e que consiga agregar todos os membros da família.

 Este núcleo pode ser eventualmente, palco para disputas e conflitos entre os familiares, portanto, é imprescindível que sejam estabelecidas regras que disciplinem a relação da família com o negócio e regulem a atuação de seus membros, evitando o comprometimento de suas atividades.

 Já o Conselho Administrativo terá a tarefa de proteger o patrimônio da empresa, buscando a sua valoração e a maximização dos lucros. Este conselho traz maior profissionalização às atividades de gestão, uma vez que age com racionalização, e engloba profissionais alheios ao núcleo familiar.

 O ideal é que seja composto por membros representantes da família, que deverão possuir competência profissional, e também por membros externos, como gerentes, funcionários de destaque, contadores e advogados que já exerçam funções na empresa. É importante que estes conselheiros possuam aptidões complementares, que agreguem diante das mais diversas necessidades da empresa.

 Este conselho deve agir de forma a prevenir conflitos de interesse, possuindo ferramentas para administrá-los diante das divergências de opiniões tanto dos familiares, quanto daqueles que o componham.

 Ainda, poderá também ser instituído um Conselho Consultivo, cuja missão será orientar os gestores. Seu papel é identificar quais as práticas ideais para a condução e administração dos negócios, emitindo pareceres e recomendações, e traçando estratégias eficientes para a gestão.

 Para melhor eficácia, é importante reunir profissionais das mais diversas áreas de atuação, como por exemplo, contabilidade, finanças, administração, direito e marketing. Os conselheiros podem ser pessoas externas à empresa, porém devem ser experientes em suas áreas específicas.

 As estratégias traçadas por este conselho não precisam, necessariamente, ser aplicadas no negócio. No entanto, devem sempre ser levadas em consideração no momento da tomada de decisões. Isto trará maior qualidade às deliberações, prevenindo de forma eficiente os riscos inerentes, trazendo maior eficácia e resultado aos negócios.

 É necessário ter em mente que cada empresa possui necessidades específicas, sendo ideal realizar um estudo preliminar para definir quais estruturas trarão maior eficiência à gestão.

 Quando falamos em empresas familiares, deve-se reconhecer a ocorrência de conflitos e a natureza destes, traçando meios de evitá-los, para que os mesmos não reflitam nos resultados da empresa. Tornando o patrimônio produtivo e preservando-o, os frutos serão colhidos por diversas gerações.

 

Grazielle Ferreira Gozzi

Advogada Associada - RZA Advocacia

Pós Graduanda em Direito Civil e Empresarial

grazielle@rzaadvocacia.com.br

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